quinta-feira, março 22, 2007

O PARTIDO DO WALT DISNEY E AINDA O ALLGARVE



Vale a pena ler o artigo de hoje de Mário Bettencourt Resendes no DN, que com a devida vénia se transcreve com sublinhados do editor deste blogue:

O roteiro errado de uma história de Disney Nota 1

"Já foi o partido de Walt Disney. Invocava-se o rato Mickey como capaz de derrotar Paulo Portas, subentendia-se que haveria também uma Minnie, que era, recorde-se, a eterna namorada do simpático e inteligente ratinho das histórias de banda desenhada que animaram a infância e a adolescência de várias gerações pré-televisivas.
A referência a Disney foi profética. É que havia, no restante elenco, vilões, como os diabólicos irmãos Metralha e o pérfido João Bafo de Onça. E também outras figuras, como o milionário Patacôncio, símbolo de uma inveja amarga, o professor Pardal, cuja criatividade, supostamente genial, acabava, por norma, em catástrofe, o desastrado pato Peninha, o sortudo e elegante Gastão, que nunca entendeu que as mulheres (pelo menos na ficção infantil...) preferem os desafortunados.
Ora, toda essa troupe reapareceu, em força, no último domingo, num hotel perto de Óbidos. Mas, ao contrário dos seriados assinados pela equipa de Walt Disney, não houve um final feliz. Porquê? Fundamentalmente, porque, enquanto na banda desenhada o bom senso e a perspicácia cabiam aos jovens - por exemplo, os sobrinhos de Donald -, e daí o êxito que as histórias tinham entre os mais novos, no CDS a rapaziada porta-se mal. Mesmo muito mal... Por sinal, com a idade, parecem ter perdido aquele ar de adultos precoces e entregam-se agora às travessuras que não cometeram no tempo apropriado.
Ou seja, subverteram o guião, que tinha uma receita de êxito, e transformaram-no numa espécie de mistura de telenovela venezuela com um filme de terceira categoria sobre a mafia nova-iorquina. Diga-se que há sempre público para esses subprodutos - quebram a rotina de um quotidiano cinzento -, mas ninguém comprará, nos tempos mais próximos, um automóvel em segunda mão a nenhum dos figurantes.
Tentando, com algum esforço, alinhavar alguma análise séria sobre aquelas fatídicas 13 horas - e tudo o mais a que se tem assistido nos últimos dias -, dir-se-á que Paulo Portas bem poderia ter reconquistado o CDS num percurso formal e tranquilo, ou seja, num congresso tradicional. José Ribeiro e Castro é um homem simpático e cordial, mas a sua liderança de matiz europeia, no estilo e na distância para o quartel-general, tinha já o destino escrito nas estrelas.
Só que Portas não resistiu aos seus conhecidos impulsos de originalidade e inventou um caminho que, mesmo permitido pelos estatutos, lhe deixará apenas os restos do partido.
Com tudo isto, Portas corre o risco de alcançar o indesejável "mérito" de substituir Pirro nos livros de História.
No meio da balbúrdia, ouviu-se uma voz de bom senso, a de António Lobo Xavier, a propor a Portas que deixe cair, por agora, as directas, e aceite um congresso organizado por uma comissão de independência indiscutível. Bem sei que, em política, nasce-se e morre-se muitas vezes, mas suspeito, mesmo assim, que, no seu íntimo, Lobo Xavier sabe que se trata, nas actuais circunstâncias, apenas de garantir um enterro com alguma dignidade.
Não quero incorrer em "abuso de posição dominante" (neste caso os meus quatro mil caracteres contra os dois mil da coluna de opinião da última página) e obrigar Ruben de Carvalho a consumir mais espaço com quem assina estas linhas. Tem, por certo, temas bem mais interessantes com que se ocupar. Surpreendeu-me, apenas, a sua preocupação, que partilho, com um eventual regresso do latim às missas católicas. Espero bem que Ruben possa continuar a rezar, nos templos e em voz alta, na nossa língua materna... No resto, fico na minha, Ruben na dele, e nós, obviamente, amigos como sempre.
Impressiona-me o provincianismo bacoco de alguns autarcas e responsáveis hoteleiros algarvios a propósito de uma campanha publicitária que pretende promover um conjunto de eventos de animação previstos para os próximos meses. Meu Deus, é assim tão difícil entender que não se trata de "roubar" o nome à terra e apenas de utilizar a criatividade para melhor chamar a atenção de um determinado segmento de mercado?
Basta recordar alguns dos crimes de urbanização que têm assassinado muito Algarve para lembrar a esses senhores que têm outras coisas, essas, sim, sérias, com que se preocupar...
"

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