segunda-feira, fevereiro 12, 2007

DUAS NOTAS SOBRE O REFERENDO

Já está. Acabou. Finou-se. Agora já não se discute mais a alteração da lei ou se os votos dos abstencionistas são votos a favor do não. Há muito tempo que não ouvia tanta asneira em tão pouco tempo como no debate que a SIC promoveu ontem à noite com apoiantes do sim e do não. É legislar e arrumar a questão. É tempo de se começar a tratar daquilo que é verdadeiramente importante para o futuro colectivo.


Posto isto, quero aqui deixar duas notas:


1. A primeira para sublinhar que não obstante o aumento de participação, este referendo não era efectivamente considerado uma questão prioritária pela maior parte dos cidadãos eleitores. Os níveis de abstenção continuam muito elevados, mesmo que se entre em linha de conta com a correcção dos cadernos, como aliás sublinharam André Freire e Fátima Abrantes Mendes. Ainda que a introdução do factor correctivo represente cerca de seis por cento, ainda assim a afluência não terá ultrapassado os 50%. O que é pouco para questões consideradas essenciais. Uma vez mais as elites tomaram as suas preocupações como preocupações do todo, o que não correspondeu ao sentir colectivo reflectido na participação registada. O Governo e a Assembleia nunca se deveriam ter demitido da sua função numa matéria destas. A Igreja continua a ter demasiada força neste país.


2. Fica por saber qual o peso neste resultado daqueles que, como eu, só foram às urnas para defesa do instituto do referendo e não por verem qualquer interesse na consulta.


E, já agora, para os curiosos destas coisas, fui às urnas alterando o sentido de voto para que estava inclinado em Outubro passado. Não votei no não, mas também não votei no sim. Limitei-me a combater a abstenção.

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