De acordo com o estudo Duracell Toy Survey, referido na revista "Dia D", que acompanhou o Público de 27/10/06, as crianças portuguesas são, conjuntamente com as francesas, as que recebem a semanada mais alta da Europa. Refere-se o estudo a crianças entre os 5 e os 10 anos.
Seria bom que esse estudo fosse alargado aos demais escalões etários, até aos 18 anos, pois que estou certo que os resultados continuariam a ser surpreendentes.
Num país de tesos e semi-tesos com apenas 10 milhões de habitantes, em que o número de desempregados anda próximo dos 500.000, em que a maior parte da população activa ganha o salário mínimo nacional, que por sinal é dos mais baixos da Europa, em que uma grande parte da população está sobreendividada a pagar casas, roupas, carrros e viagens de sonho, e em que até já há gabinetes de apoio aos gastadores compulsivos, não deixa de ser curioso este dado.
Aliás, este dado contribui para explicar o número industrial de shots e de cocktails alcoólicos que são consumidos por jovens imberbes nas noites dos bares e discotecas deste país e o número elevadíssimo de acidentes rodoviários que se segue a tais consumos. Ainda há dias a SIC passava uma reportagem sobre este gravíssimo problema social.
Mas enquanto os papás e as mamãs deste país continuarem a pensar que é melhor mimá-las a educá-las, tratando as crianças como débeis mentais para não as magoar nem ofender, deixando-as berrar e correr pelos restaurantes como se nada fosse com eles, enquanto as pestes incomodam meio mundo, estou certo que continuaremos a ter resultados destes. E também a ver crianças de 3 e 4 anos aos pontapés às mamãs nos supermercados, chamando-lhes nomes irreproduzíveis de cada vez que lhes é negado o direito à aquisição de mais um chupa-chupa, enquanto elas, as mamãs, impávidas e serenas se limitam a dizer sorridentes: "isso não se diz".
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