quinta-feira, outubro 12, 2006

POBRES RICOS OU RICOS POBRES?



O Correio da Manhã publicou hoje uma lista contendo a relação das 27 câmaras mais ricas per capita, com indicação dos respectivos valores. Essa lista contém algumas curiosidades e merece uma pequena reflexão.

Em primeiro lugar, verificamos que dos 27 municípios aí referidos, 12 se situam no Algarve (Loulé, Lagos, Albufeira, Lagoa, Vila do Bispo, Castro Marim, Portimão, Tavira, Aljezur, Vila Real de Santo António, Faro e Silves). Isto poderá levar muito boa gente, ou nem tão boa como isso, a querer dizer que o Algarve tem todas as condições para ser a primeira região do país. Não tem, como eu terei oportunidade de defender noutra ocasião. Só que isso não impedirá os demagogos do costume de virem para a praça pública procurar tentar acelerar o processo de regionalização.

Depois, verificamos que desses 27 municípios os cinco mais ricos per capita são todos do Algarve (Loulé, Lagos, Albufeira, Lagoa e Vila do Bispo) e que o sexto mais rico é o de Lisboa.

Se olharmos agora para o lado do endividamento desses 27 mais ricos, então vamos verificar que nessa relação estão alguns dos mais endividados do país e daqueles em que houve um maior aumento do endividamento e uma maior pressão para o agravamento das respectivas situações financeiras (cfr. a este propósito a notícia publicada no DN, em 20/4/2006 da jornalista Paula Sanchez). Neste rol incluem-se Lisboa, Tavira, o Porto, Sesimbra, Faro, Setúbal.

O ministro e o secretário de Estado esclareceram que serão aqueles 27 municípios que irão passar a ser contribuintes líquidos para o Fundo de Coesão. A atender pura e simplesmente no valor per capita não tenho dúvidas.

A minha dúvida reside apenas em saber como é que municípios como Lisboa, Faro ou Setúbal, que, não obstante possuirem uma capitação de impostos locais superiores em 1,25 à média nacional, estão completamente enterrados em dívidas, irão financiar o Fundo de Coesão.

No caso de Faro, uma bela cidade que chegou ao ponto de não haver rua que não tenha buracos, que tem contentores de recolha de lixo pré-históricos, em que há ruas bem próximo da zona central que estão pejadas de dejectos caninos, em que junto a algumas esquinas se nota um forte cheiro a urina, que herdou um elefante branco como o Estádio Algarve e onde nem sequer havia dinheiro para acabar o mercado municipal, se irá arranjar mais dinheiro para satisfazer as necessidades básicas da sua população, pagar aos fornecedores, ir aliviando o passivo do senhor Vitorino e ainda sustentar o Fundo de Coesão.

Já todos terão percebido que eu não estou contra a nova lei, nem sou dos que embasbaca com a demagogia dos topo gigios que por aí pululam, do tipo Marques Mendes. Porém, isso não invalida a necessidade de se explicar melhor algumas coisas. O povo não é burro. Gosta é de ter tudo explicadinho.

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