quarta-feira, setembro 27, 2006

ELE NÃO MERECIA UMA NOITE ASSIM


Ele não merecia uma noite como aquela que tivemos ontem. Ele não merecia ver a equipa a jogar para trás. Ele não merecia ver o Karagounis ser substituído numa altura crucial do jogo. Ele não merecia ter visto o Nuno falhar daquela maneira. Ele não merecia ver o Luisão a fazer de extremo esquerdo e de número 10 a colocar bolas fora das linhas laterais. E nós não merecíamos ter um treinador daqueles. Não merecíamos continuar a ver o Nuno Assis a jogar e ainda merecíamos menos ter o Fernando Santos como treinador. Um Benfica que joga para trás quando está empatado e tem 60.000 gargantas a puxar por ele é um Benfica irreconhecível, sem ambição, medroso. Detesto treinadores medrosos. A sorte nunca protegerá os medrosos. Hoje é um dia triste. Amanhã há mais.

segunda-feira, setembro 25, 2006

A propósito de rir: Hermínio Loureiro

Agora que ficámos todos a saber que o director geral da PJ mandou instaurar um inquérito a propósito da fuga de informação verificada no "Apito Dourado" em relação ao senhor Pinto da Costa, o que diz bem da teia de ligações deste sujeito, e enquanto o senhor Hermínio Loureiro não nos diz como irá descalçar mais esta bota, deixo-vos aqui com um pequeno texto escrito na antevéspera da eleição do referido senhor para presidente da Liga. Aquilo que eu penso sobre o próximo presidente da Liga é o que dele consta e que, como teve uma circulação reduzida, aqui deixo para vossa informação. Ele que me perdoe, mas há alturas em que não podemos deixar de ser quem somos. É um questão de identidade.

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O senhor Hermínio Loureiro resolveu apresentar a sua candidatura à presidência da Liga de Clubes. Nada de mais legítimo. Num país livre e democrático e desde que estejam preenchidos os requisitos de natureza formal que condicionam esse tipo de candidaturas, cada um é livre de avançar no momento que entender e com os apoios que reunir.

O senhor Hermínio Loureiro é um cidadão deste país interessado em ser presidente da Liga de Clubes. Nada de mais legítimo. O poder sempre foi uma fonte de inspiração e desde que se respeitem os pressupostos de natureza formal que condicionam a eleição e o acesso ao poder nada há a apontar.

Bem sei que ele já desempenhou numerosos cargos partidários e políticos, que ele se assume como gestor, que é presidente da assembleia municipal de Oliveira de Azeméis...

Porém, o simples facto dele ter andado a pedinchar ao senhor Luís Filipe Vieira e a muitos mais presidentes de clubes de futebol que integram a Liga que o recebessem, para que ele pudesse promover a sua candidatura e ser notícia nos jornais e nas televisões, seria mais do que suficiente para me deixar de pé atrás.

Mas nada seria grave se o senhor Hermínio Loureiro tivesse o perfil, a formação e o currículo que o recomendassem para presidente da Liga de Clubes.

Ora, aqui é que, como diz o povo, a porca torce o rabo.

Para que não se pense que falo de cor, convirá repescar o currículo vitae (vd infra) do senhor Hermínio Loureiro, publicado quando ele foi nomeado Secretário de Estado da Juventude e Desportos do XVI Governo Constitucional.

O senhor Hermínio Loureiro tem sido ultimamente apresentado pelos órgãos de comunicação social como “Dr. Hermínio Loureiro” ou simplesmente “gestor” (como o engenheiro Carlos Melancia), mas olhando para o seu CV a primeira dúvida que me assalta é a de saber se, entretanto, ele já acabou o curso de gestão do qual, em 2004, quando pela 4ª vez foi nomeado secretário de Estado, apenas tinha a “frequência” (sic).

E se só tinha “a frequência” convirá saber até que ano frequentou o curso, já que não é o mesmo não ter passado de caloiro ou ter chegado a finalista do curso (ou quase-doutor).

A pergunta não é de resposta múltipla nem indiferente, já que nas legislativas de 2005 o referido senhor ocupava o 2º lugar na lista de Aveiro do Partido Social Democrata, logo atrás dessa sumidade que é o Dr. Marques Mendes, sendo aí apresentado como “técnico de seguros” (sic). Pessoalmente, não acredito que o Dr. Mendes fosse colocar na sua lista uma pessoa pouco qualificada.

É claro que de quem tem o percurso político e profissional do senhor Hermínio Loureiro, de quem fez toda a escada da “Jota”, andou pela área comercial de diversas companhias de seguros, ocupou 16 (dezasseis!!!) cargos em estruturas políticas e associativas, foi director de marketing da Liga de Basquetebol, teve 4 pastas em dois governos nacionais e é presidente da assembleia municipal de Oliveira de Azeméis e membro da “Fundação La Salette”, a única coisa que se poderia agora esperar era que fosse presidente da Liga de Clubes. Ao que parece, o senhor Luís Filipe Vieira, que apesar de não ter grandes estudos ainda não foi membro do governo e é presidente do “Maior Clube do Mundo”, é que não foi na conversa.

Eu não sei que outras competências, para além das óbvias e que constam do seu riquíssimo currículo, terá o senhor Hermínio Loureiro, a ponto de ser neste momento candidato único à presidência da Liga de Clubes. Neste país tudo é possível.

Mas há uma coisa, pelo menos, que eu estou convencido que ele sabe fazer. E, talvez, também por isso mesmo é que o próprio Dr. Marques Mendes o tenha integrado na lista de deputados por Aveiro. O senhor Hermínio Loureiro poderá não ter tido tempo para acabar o curso de gestão até 2005, tantos foram os cargos que ocupou e as funções que desempenhou, mas ao menos já terá aprendido a jogar à lerpa e à sueca. É que se não o soubesse também não se candidatava.

O major Valentim que o diga, já que se não fossem essas actividades lúdicas a preencherem-lhe os tempos livres, ele também nunca teria dado a presidência do Boavista ao ex-vocalista de um grupo rock. Mesmo que fosse da família. Da dele é claro.
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Currículo do Secretário de Estado da Juventude e Desportos
Hermínio José Sobral Loureiro Gonçalves
Nascido em Oliveira de Azeméis, em 30 de Dezembro de 1965, Casado, uma filha
Formação Académica
Frequência do curso de Gestão de Empresas no Instituto Superior de Administração e Gestão
Actividade profissional
Responsável administrativo/financeiro da empresa Silva Brandão & Filhos Lda
Serviços comerciais da Aliança Seguradora, SA
Serviços comerciais da Aliança/UAP SA
Coordenador comercial da Global Companhia de Seguros SA
Actividade política e associativa
Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Ferreira de Castro
Vice-presidente da Comissão Política Distrital da JSD/Aveiro
Presidente da Comissão Política Distrital da JSD de Aveiro
Conselheiro Nacional da JSD
Vice-presidente da Mesa do Congresso da JSD
Conselheiro Nacional do PSD
Secretário-geral adjunto do PSD
Membro da Comissão Política Nacional do PSD
Membro da Assembleia Municipal de Oliveira de Azeméis
Candidato a deputado à Assembleia da República em 1991
Deputado à Assembleia da República - VII Legislatura
Vice-coordenador do PSD na Comissão parlamentar de Juventude
Deputado à Assembleia da República - VIII Legislatura
Coordenador do PSD na Comissão parlamentar de Juventude e Desporto
Presidente da Comissão parlamentar de acompanhamento do Euro-2004
Presidente da Assembleia Municipal de Oliveira de Azeméis
Actividade desportiva
Director de marketing do Basquetebol da União Desportiva Oliveirense
Membro da Comissão Directiva da Liga de Clubes de Basquetebol
Funções governamentais exercidas
De 2004-12-02 até 2005-03-12Secretário de Estado do Desporto e Reabilitação do XVI Governo Constitucional
De 2004-11-24 até 2004-12-02Secretário de Estado do Desporto do XVI Governo Constitucional
De 2004-07-21 até 2004-11-24Secretário de Estado do Desporto do XVI Governo Constitucional
De 2002-04-08 até 2004-07-17Secretário de Estado da Juventude e Desportos do XV Governo Constitucional

Sugestão: alcunhas para os rapazinhos do CDS/PP

Confesso que não pude deixar de rir quando soube a alcunha que foi dada ao líder parlamentar do PP, o jovem Nuno Melo. "Florimelo" é um achado. Não sei quem foi o génio, mas que está bem achada não há dúvida.
Já agora, penso que seria de lançar um concurso de ideias, a ver quem conseguia dar mais alcunhas aos rapazinhos do CDS/PP. Aquela bancada parlamentar tem figuras de antologia. Nâo me refiro ao Telmo Correia, mas a figuras como o João Almeida ou aquele outro que foi secretário de Estado das Pescas e fez crescrer desmesuradamente a nossa ZEE, são únicos. Haja alguém que substitua o Avelino e nos faça rir!

AS TAREFAS HÉRCULEAS DE PINTO MONTEIRO

O conselheiro Pinto Monteiro foi, em boa hora, nomeado para substituir o dr. Souto Moura. É precisa gente discreta, competente, com capacidade de liderança e, em especial, bem formada nos mais importantes lugares do Estado. A responsabilidade pelo exercício da função e o rigor ético têm de andar de mão dada.

A partir de 9 de Outubro, o novo PGR vai ter uma tarefa hérculea pela frente. Não se tratará apenas de meter ordem numa casa que de há alguns anos a esta parte dá a ideia de estar em permanente autogestão. Importa voltar a disciplinar e balizar a intervenção dos Mp's espalhados por esse país, fazendo sentir-lhes que o Estado de Direito e a defesa da legalidade não se coadunam com o uso e abuso de princípios de oportunidade e que a única actuação admissível é a que tem por mira o princípio da legalidade.
O conselheiro Pinto Monteiro terá, igualmente, de definir claramente o modo de articulação entre o MP e a PJ de maneira a que não se continuem a suceder os episódios que desprestigiando as duas entidades, em última instância minam a democracia e acentuam o sentimento de insatisfação da opinião pública. Acabar com o paroquialismo reinante e instituir padrões de rigor na actuação dos Mp's ao longo do inquérito será um primeiro passo para devolver a credibilidade à instituição.
Depois, importa que o MP não interponha recursos por despeito, como infelizmente tenho visto em variadíssimas situações, que não cozinhe as acusações a seu belo prazer, mas que as elabore com respeito pela verdade factual, em suma, que tenha uma actuação digna e respeitadora do seu próprio estatuto, à altura das necessidades de realização de Justiça e de defesa da legalidade.
O senhor conselheiro terá, também, de prestar alguma atenção à forma como alguns magistrados se vestem quando vão para o tribunal. Não é que isso seja fundamental, mas que imagem pode ter uma corporação judicial em que alguns dos seus membros e colaboradores vão trabalhar de chinelas, com o umbigo de fora e a cuequinha de fio dental azul claro a sair das calças? Nalgumas comarcas do interior e em zonas de veraneio isso é o pão nosso de cada dia. Bem sei que esse é fundamentalmente um problema de educação, mas não havendo quem a dê, nem em casa nem na escola, talvez seja de começar a apelar ao bom senso.
O problema não é exclusivo do Ministério Público, sendo, aliás, extensivo à magistratura judicial e a alguns dos funcionários judiciais, às autarquias e a muitos serviços públicos. Infelizmente tenho visto de tudo. Dos que vão trabalhar com calças de atilhos pelo meio da perna às que usam t-shirts com dizeres capazes de fazerem corar um santo.
Enfim, aí como em muitas outras áreas há um longo trabalho a desenvolver. O mínimo que posso fazer é então desejar ao conselheiro Pinto Monteiro as maiores felicidades e que nos faça rapidamente esquecer que em tempos o Ministério Público foi dirigido pelo dr. Souto Moura.

sexta-feira, setembro 22, 2006

COMPROMISSO PORTUGAL

Os senhores do designado "Compromisso Portugal" estiveram ontem reunidos no Convento do Beato e durante todo o dia tiveram direito a largas horas de tempo de antena.
À noite, na SIC Notícias, lá estiveram quatro das figuras gradas do movimento a debitar as suas "ideias". Eu pasmo com a facilidade com que neste país se bota discurso.
De economia não falo, mas não posso deixar de admirar as propostas para a Justiça.
O responsável por essa área quando questionado pelo jornalista sobre as propostas em concreto limitou-se a debitar meia dúzia de generalidades perfeitamente inócuas.
A única proposta que dali saiu foi a da profissionalização da gestão dos tribunais e a sua entrega a gestores profissionais. A avaliar por aquilo que está a acontecer na Saúde e com a forma como a gestão de algumas entidades desta área têm sido profissionalizadas, temo que amanhã tenhamos um desses gestores profissionais, seguramente um economista, engenheiro ou gestor, a dizer que o juiz não pode continuar a elaborar sentenças com 30 páginas, que se estão a gastar demasiados tinteiros e que que há que poupar nas cassetes das gravações das audiências.
Pessoalmente, creio que alguns daqueles senhores do Compromisso Porrtugal deviam ter vergonha, porque bastaria ir a algumas das suas empresas para ver como as coisas são tão burocratizadas como na função pública e como os direitos dos consumidores são vilipendiados. A começar na Vodafone do senhor Carrapatoso. Dou-vos só um pequeno exemplo: sendo titular de vários telemóveis, tenho um deles associado a uma conta que me obriga a fazer carregamentos todos os 30 dias. Acontece que estando eu de férias, de um momento para o outro fiquei sem conseguir fazer chamadas e ouvia uma mensagem que dizia que o serviço tinha sido desactivado por eu não ter feito um carregamento. Ora, acontece que além de não se ter ainda completado o período de 30 dias (faltavam algumas horas para isso acontecer), o telemóvel tinha saldo disponível mais do que suficiente para efectuar qualquer chamada. No final desse dia, ou seja, dez horas depois de me terem cortado o acesso à rede recebi um sms a dar-me conta do corte por falta de pagamento. Fiquei, pois, a saber que para a Vodafone o dia não tem exactamente 24 horas, pelo que 30 dias podem ser 29 dias e pouco, e que ao invés de me ter passado a facturar as chamadas por um valor qualquer mais elevado (por exemplo aplicando a tarifa mais alta da sua rede a título de penalização), se fosse o caso, por terem sido ultrapassados os 30 dias sem efectuar o carregamento, que é o que seria lógico, os serviços da excelente empresa do senhor Carrapatoso acharam por bem, pura e simpesmente, cortar-me o acesso ao serviço. A isto chama-se abuso, prepotência.
E quem fala na Vodafone fala na TVCabo, na PT, nalgumas seguradoras, nalguns bancos, nos CTT (o preço do envio de um fax ou da certificação de fotocópias é um "roubo"), enfim numa série de empresas privadas ou/e privatizadas, que estão habituadas a deixar os consumidores pendurados na linha a ouvir música, que sistematicamente se enganam na facturação e que quando o consumidor tem de reclamar ainda tem de pagar a chamada da reclamação.
Os senhores do Compromisso Portugal, alguns dos quais exalam snobismo e pesporrência (aquela do senhor presidente do BES Investimentos querer exemplificar a excelência das suas ideias com o apoio de dois ex-ministros, um irlandês e um espanhol, é de bradar aos céus), antes de se porem a mandar bocas, deviam olhar para o seu próprio umbigo. De bazófia estamos todos cheios.
Dali não virá, seguramente, nada de útil ao país.

quinta-feira, setembro 21, 2006

O SÍMBOLO DE UMA NAÇÃO



Não sei se essa nação tem os tais seis milhões de que alguns falam. Isso também não é importante. Importante não é só fazer da águia "o símbolo de uma nação". Importante é fazer do desporto e do futebol em particular aquilo que nunca deveria ter deixado de ser: uma escola de valores com princípios e regras indiscutíveis e intemporais. No dia em que o senhor Madaíl perceber isto e for capaz de transmiti-lo aos miúdos, então poderemos aspirar à honra de ter um futebol são em corpos sãos. E para isso não precisamos do senhor Scolari nem da Senhora de Caravaggio.

NOTÁRIOS PRIVADOS

A Autoridade da Concorrência publicou para aí um estudo em que recomenda a alteração de uma série de regras atinentes ao notariado e pugna por um aumento da oferta e da competitividade (pode ser lido no site da Ordem dos Advogados).
Entretanto, chegou-me a notícia de que uma senhora notária privada, que está contra a inércia da direcção da sua Ordem, pede uma reunião extraordinária para analisar o artigo 23º do Estatuto da Ordem dos Notários. Ontem ouvi nas notícias que os notários vão meter uma acção contra o Estado porque se consideram enganados.
Confesso que não percebo a razão para tanto alvoroço.
Eu estava convencido de que quando o notariado fosse privatizado e alguns actos desformalizados tudo iria correr melhor para os cidadãos. Em especial, depois de saber que o Dr. Pedro Rodrigues viera de Macau para ajudar a preparar a privatização, ele que até é (era, agora é privado!) um insuspeito notário público.
Afinal, enganei-me redondamente.
Aqui em Faro, onde resido, de um dia para o outro fecharam os cartórios públicos, que eram maus, com um atendimento péssimo, com excepção para os amigos do pessoal que aí trabalhava, mas que funcionavam, e abriram 3 cartórios privados, dois dos quais dirigidos pelas notárias públicas que antes estavam naqueles dois que fecharam. Ou seja, só passámos a ter mais um cartório, o que foi benefício de pouca monta.
Agora os notários que aí estão parece que têm medo da concorrência. Será que a experiência não está a ser proveitosa? Ganham menos do que ganhavam? A fé pública dos documentos está em risco? Só os cartórios públicos e privados é que dão garantias? Um ajudante notarial dá mais confiança aos cidadãos a certificar fotocópias do que o mesmo acto praticado por um advogado, uma câmara de comércio ou uma estação dos CTT?
Com o granel que para aí anda eu tenho uma sugestão a fazer ao senhor ministro da Justiça: por que não conceder um período de 6 meses para que os novos notários privados, que antes estavam nos quadros da DGRN e agora se sentem enganados, possam tomar a opção de regresso e depois colocavam-se de novo a concurso as licenças que entretanto lhes foram atribuídas. Era só uma questão de esperar para ver quantos deles voltavam atrás na decisão tomada.

O SOL

Estava convencido de que só eu é que tinha achado o novo semanário Sol um horror. Ontem fiquei mais acompanhado depois de ouvir o Lobo Xavier e o Pacheco Pereira. Este último foi ao ponto de considerar o jornal um misto entre o 24 Horas e o Correio da Manhã. Pode ser que as coisas venham a melhorar, embora eu esteja convencido que vai ser difícil.
Na verdade, não deverá ser fácil fazer um jornal que tem como director o centro do universo e cujo título é uma homenagem à sua própria pessoa. Mais difícil ainda deverá ser mantê-lo.
Há, contudo, duas ou três notas que me deixaram confundido e que gostaria de aqui vos deixar:
1. Por que razão eles não querem oferecer brindes nem fazer promoções? Creio que ainda o arquitecto era o director do Expresso quando este começou a oferecer promoções, brindes e luxuosos encartes pagos (os suplementos do Governo de Macau no tempo de Rocha Vieira são um pequeno exemplo). E lembro-me de edições especiais que eram promovidas pelo próprio jornal e vendidas por um preço simbólico. Do Livro da Boa Mesa e da Boa Cama (creio que era assim que se chamava) à Peregrinação, passando pelos Lusíadas e por cd's, houve de tudo um pouco. Nunca ouvi o arquitecto reclamar, apesar de admitir que se está sempre a tempo de mudar de ideias.
2. Outra coisa que me deixou baralhado foi aquela de ter visto cartazes publicitários do jornal com o prof. José Hermano Saraiva. Todos sabemos que a História se reescreve, às vezes por encomenda, e que nos dias de hoje vende muito. Espero que com isso não se quisesse afinal dizer que o jornal antes de ser já fazia parte da história. A ver vamos.
3. Também fiquei admirado por ver, logo no primeiro número (eles não perdem tempo), uma reportagem com o general Rocha Vieira na sua casa dos Salicos. E um anúncio da Gradiva de todo o tamanho. Será que depois desses indícios vamos ter também o Martins da Cruz e a Zita Seabra? O Pinto da Costa vem já a seguir que eles já anunciaram que a Felícia Cabrita anda a tratar disso.
4. Mas o que eu estranhei mesmo foi um pequeno anúncio no caderno de Economia que rezava o seguinte: "QUERO TRABALHAR! Jornalista (com alguns cabelos brancos) quer trabalhar, para pôr em prática a sua grande experiência nacional e internacional. Contacto: joao-paulo-diniz@hotmail.com". Se é quem eu estou a pensar, creio que o melhor era ir pedir emprego directamente à Fundação Jorge Álvares, ao coronel Salavessa da Costa ou então voltar para Macau e tentar arranjar um lugarinho na Revista de Cultura. É uma chatice. Se fosse um tipo como eu a publicar um anúncio desses não era de estranhar. Mas agora que alguém que se mostrou sempre tão prestável tenha de chegar a esse ponto... O mundo está cheio de ingratos e há "amigos" com os quais nunca se pode contar.
Até mais logo.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Cheguei!

Depois de muitas tentativas e hesitações aqui estou eu na blogosfera (que grande palavrão!).
Certamente que já todos gozaram e se riram com as duas notas anteriores, pensaram num milhão de coisas e conjecturaram sobre a melhor forma de investirem contra o Bacteriófago.
Importa, por isso mesmo, para que não comecem a surgir dúvidas escusadas logo de entrada e não gastem as vossas preciosas munições, que esta página, além de um espaço de afirmação da cidadania, tem pretensões a coluna de opinião, de preferência fazendo humor com coisas sérias (presunção e água benta...). Aliás, para quem se recorda, na esteira de algumas das crónicas que durante anos publiquei no "Ponto Final".
Procurarei evitar a chateza e a prolixidade, moderando o tom e o estilo. Mas é bom que se diga que não abdicarei de me pronunciar sobre todos os assuntos que interessam à comunidade em que me integro, ao povo a que pertenço, à gente em que me revejo.
Este blogue não é uma homenagem a ninguém. Antes deverá ser visto como um espaço de encontro entre amigos. E espera, isso sim, não deslustrar a memória de portugueses como o Eça, o Ramalho, o Antero, o Sena, o Cardoso Pires, o Rui Cinaty ou o Rui Knopfli.
Entre a lama e a alma
Algures no tempo deste tempo
Está um pedaço de tempo amputado
Um pedaço de alma
Talvez Portugal.

DECLARAÇÃO DE INTERESSES

1. O Bacteriófago é um microrganismo muito especial, porque ao contrário de outros da mesma família tem sangue nas veias e actua à escala global. Por isso mesmo é militante do maior clube de futebol do mundo, independentemente das bactérias que de tempos a tempos ascendem à sua presidência.
2. O Bacteriófago é sócio de uma agremiação política com vocação de poder, por vezes paga quotas, no multibanco ou quando inadvertidamente lhe cravam um cheque.
3. O Bacteriófago ama o mar, é amigo do ambiente, detesta carros a diesel, venera Sagarmatha, o Blue Hole de Palau e os pinguins da Ilha Magdalena.
4. O Bacteriófago detesta, não ncessariamente por esta ordem visto que isso varia com as circunstâncias, imbecis, mulheres morenas pintadas de louro, burlões, patos bravos, chicos espertos, semi-analfabetos a botar discurso ou sentença, novos ricos e tesos armados ao pingarelho.
5. O Bacteriófago não tolera a corrupção, a prepotência, o abuso de poder e a injustiça. Abomina os maus políticos, os maus autarcas, os maus dirigentes, os magistrados preguiçosos e mal educados, os padres hipócritas, os maus gestores, públicos ou privados, os militares e os polícias indignos da farda, os jornalistas analfabetos, os advogados ignorantes e os advogados presunçosos; em suma, tem horror à maledicência perversa e gratuita, à coscuvilhice, a gente sem carácter, coluna cervical ou escrúpulos.
6. O Bacteriófago crê em Deus, ama o próximo, considera a avareza um pecado pior do que a gula, pugna por uma sociedade mais decente e mais equilibrada, acredita nas virtudes da crítica, adora a mulher, confia na virtudes da educação e, acima de tudo, nas crianças de Portugal que desconfiam do senhor Pinto da Costa, do major Loureiro e do dr. Madaíl. Finalmente, está convencido de que o Rui Costa e o resto da malta que equipa de vermelho na 2ª Circular ainda vão fazer do SLB o próximo campeão europeu de futebol.

CARTA DE INTENÇÕES

1. O Bacteriófago é um cidadão cumpridor das leis da polisbacteriana, mas que com ela não se confunde.

2. O Bacteriófago é, além disso, um cidadão de boa fé, provido de vontade e discernimento, empenhado na construção de uma república democrática e livre de bactérias.

3. O Bacteriófago não pugna por uma sociedade totalmente asséptica, desprovida de paixão, ciúme ou inveja.

4. O Bacteriófago é um cidadão que paga impostos, quotizações profissionais e caixa de previdência, tem uma vida transparente, sujeita ao microscópio de qualquer "Mengele".

5. O Bacteriófago é um cidadão livre e responsável, que assume a responsabilidade pelas opiniões que produz e corrige o erro logo que detectado.

6. O Bacteriófago tem nome e uma identidade, razão pela qual não publica opiniões anónimas, nem cita fontes anónimas, mesmo que devidamente identificadas perante a administração do blogue.